quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Limerick é sempre nonsense?

A Roberta Bittencourt, essa loira oxigenada, fez uma crítica muito interessante sobre o limerick que aparece no último post. Na verdade, não é nada interessante, mas é oportuna, uma boa ocasião para observar que nem todo limerick faz uso do nonsense. (Na verdade isso está subentendido no post anterior, né Roberta). O nonsense é apenas um dos traços do humor inglês, e ele encontrou no limerick uma forma ideal para se manifestar. Mas é claro que o limerique não é obrigatoriamente nonsense (embora eu pense que os melhores exemplares o são). Tem-se essa impressão devido à influência do sucesso de Edward Lear, o autor mais famoso desse tipo de poema, que abusou da comicidade do absurdo em seus limeriques. À Lear se deve a popularização dessa forma ao redor de mundo, influenciando autores de outros países que viriam a ganhar fama com esses poemas, como Tatiana Belinky no Brasil, Gianni Rodari na Itália ou María Elena Walsh na Argentina.

O limerick inglês celebra o absurdo, o inoportuno, o boçal, o sarcástico, o ridículo, qualquer coisa que não seja o esperado:

"There was a young fellow from Clyde
Who once at a funeral was spied.
When Asked who was dead,
He smilingly said,
"I don't know. I just come for the ride"

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Voltando ao comentário da Roberta, é bem possível abrir alguns caminhos para o trabalho com limerick em sala de aula. Pode-se optar por reaproveitar o consagrado modelo leariano, de fácil assimilação [favor não confundir com fácil execução], e que funciona quase como um miniconto:

"There was an Old Man of Cape Horn,
Who wished he had never been born;
So he sat on a chair,
Till he died of dispair,
That dolorous Man of Cope Horn."

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Ou quem sabe, numa outra proposta bem mais aberta e, a meu ver, mais difícil, tem-se a ideia de trabalhar com "limericks desagradáveis": poemas que debochem, falem mal de pessoas, coisas ou lugares, ou então poemas que apresentem situações ousadas, estranhas, rídiculas.
que tal seguir a pista de Luiz Roberto Guedes? [mais adiante, falarei mais sobre ele]:

"Um perfumista argentino
Tinha o olfato tão fino,
Que distinguia o cheiro
De um peido de lixeiro
De um leve pum feminino"

*
e aí?

3 comentários:

  1. o que me incomoda nessas coisinhas aí, é a falta ou excesso de palavras. fica uma linguagem meio bíblica, sabe.
    como:

    "There was and Old Man"
    (porque "and"??)

    ou:

    Que distinguia o cheiro
    De um peido de lixeiro
    AO de um leve pum feminino.


    (temos um tradutor/blogueiro descuidado ou posso manter minha crítica?)

    (habilita comentarios de gente sem blogspot porra!)

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  2. meu caro Beverley, no primeiro caso trata-se de um erro de grafia.
    "an", artigo. grato por notar o descuido, já corrigido.

    e quanto ao segundo, não é descuido do blogueiro nem do tradutor, até porque o limerique ali é do Luiz e ele é brasileiro, e é assim que consta no livro. O livro do qual foi extraído "dirty limerix" é, cheio de limeriques que soariam muito controversos para a maioria dos mortais. sendo assim, penso que alguém que escreve limeriques obscenos e escatológicos está pouco se importando com a correção gramatical.

    [vou ver isso dos comentários, ok]

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  3. achei elegante da sua parte, sr. blogueiro.
    sorte em sua jornada!

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