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sábado, 18 de fevereiro de 2012
Limeriques com sabor brasileiro
Lançada pela Demônio Negro, essa editora miúda que publica uns monstros pouco lidos, de sousândrade a juan brossa, "Minima Immoralia - Dirty Limerix" é uma coleção de limericks traduzidos e reescritos por Luiz Roberto Guedes. De uma infinidade de limericks anônimos escritos em inglês, Guedes traduziu alguns deles de forma bem livre, alterando os versos em nome da rima e do humor. O resultado é uma série de limericks com um pé na inglaterra e outro no brasil, todos universais, até porque a escatologia e a obscenidade, que estão presentes em todos esses poemas, estão em todo lugar:
Uma cachopa lisboeta
Nasceu com um par de bucetas.
E diz, sem vergonha,
Com o quê ela sonha:
"Um macho com duas cacetas".
São limericks imorais, desbocados e despreocupados, tanto na forma (Guedes não utiliza todas as tradicionais regras métricas) como na temática. Como todo bom fazedor de limeriques fesceninos, tá cagando e andando para quem vai ler:
Vem aí o Viagra futuro:
Em líquido. Se não der furo,
Logo os coroas
Dirão às patroas:
"Meu bem, me serve um pau-duro?"
Os estudos de Gershon Legman, um dos maiores especialistas em limericks, apontam que os limericks sujos, obscenos e escatológicos, começam a se multiplicar a partir do começo/meio do século XIX. Antes disso - e o limerick nasceu vários séculos antes disso, era sóbrio e sério como lembra Glauco Mattoso. Não foram limericks assim que consagraram Edward Lear, o autor mais famoso desse tipo de poema. Por isso, podemos até fazer uma divisão do limerick, como se houvesse dois jeitos de fazê-lo: o sujo, provocador e sarcástico; e o limpo, o leariano, marcado pela ironia fina e pela discrição. Tratam de mundos diferentes, e ambos agradam (ou desagradam) a seu modo:
Ao chá, a duquesa Edvígia
M'indagou: "Tu peida quando mija?"
Com garbo, fui à carga:
"Tu arrota quando caga?"
E senti que ganhei essa rixa.
Três nomes se destacam na produção de limeriques brasileiros: Bráulio Tavares, considerado o pioneiro, Glauco Mattoso e o Luiz Roberto Guedes (há ainda os autores de limeriques infantojuvenis, mas isso eu gostaria de separar, e tratar noutro post). E o "Dirty" é o único livro que conheço que seja apenas de limericks, por isso discordo de quem afirma que o limerick é uma forma tão conhecida como o haikai. Creio que por tratar de temas tabus, de picas e xanas, o limerick consegue ser uma forma poética super simpática, mas pouco divulgada por aqui.
Senhoras e senhores, limeriquemos.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Limerick é sempre nonsense?
A Roberta Bittencourt, essa loira oxigenada, fez uma crítica muito interessante sobre o limerick que aparece no último post. Na verdade, não é nada interessante, mas é oportuna, uma boa ocasião para observar que nem todo limerick faz uso do nonsense. (Na verdade isso está subentendido no post anterior, né Roberta). O nonsense é apenas um dos traços do humor inglês, e ele encontrou no limerick uma forma ideal para se manifestar. Mas é claro que o limerique não é obrigatoriamente nonsense (embora eu pense que os melhores exemplares o são). Tem-se essa impressão devido à influência do sucesso de Edward Lear, o autor mais famoso desse tipo de poema, que abusou da comicidade do absurdo em seus limeriques. À Lear se deve a popularização dessa forma ao redor de mundo, influenciando autores de outros países que viriam a ganhar fama com esses poemas, como Tatiana Belinky no Brasil, Gianni Rodari na Itália ou María Elena Walsh na Argentina.
O limerick inglês celebra o absurdo, o inoportuno, o boçal, o sarcástico, o ridículo, qualquer coisa que não seja o esperado:
"There was a young fellow from Clyde
Who once at a funeral was spied.
When Asked who was dead,
He smilingly said,
"I don't know. I just come for the ride"
----
Voltando ao comentário da Roberta, é bem possível abrir alguns caminhos para o trabalho com limerick em sala de aula. Pode-se optar por reaproveitar o consagrado modelo leariano, de fácil assimilação [favor não confundir com fácil execução], e que funciona quase como um miniconto:
"There was an Old Man of Cape Horn,
Who wished he had never been born;
So he sat on a chair,
Till he died of dispair,
That dolorous Man of Cope Horn."
---
Ou quem sabe, numa outra proposta bem mais aberta e, a meu ver, mais difícil, tem-se a ideia de trabalhar com "limericks desagradáveis": poemas que debochem, falem mal de pessoas, coisas ou lugares, ou então poemas que apresentem situações ousadas, estranhas, rídiculas.
que tal seguir a pista de Luiz Roberto Guedes? [mais adiante, falarei mais sobre ele]:
"Um perfumista argentino
Tinha o olfato tão fino,
Que distinguia o cheiro
De um peido de lixeiro
De um leve pum feminino"
*
e aí?
O limerick inglês celebra o absurdo, o inoportuno, o boçal, o sarcástico, o ridículo, qualquer coisa que não seja o esperado:
"There was a young fellow from Clyde
Who once at a funeral was spied.
When Asked who was dead,
He smilingly said,
"I don't know. I just come for the ride"
----
Voltando ao comentário da Roberta, é bem possível abrir alguns caminhos para o trabalho com limerick em sala de aula. Pode-se optar por reaproveitar o consagrado modelo leariano, de fácil assimilação [favor não confundir com fácil execução], e que funciona quase como um miniconto:
"There was an Old Man of Cape Horn,
Who wished he had never been born;
So he sat on a chair,
Till he died of dispair,
That dolorous Man of Cope Horn."
---
Ou quem sabe, numa outra proposta bem mais aberta e, a meu ver, mais difícil, tem-se a ideia de trabalhar com "limericks desagradáveis": poemas que debochem, falem mal de pessoas, coisas ou lugares, ou então poemas que apresentem situações ousadas, estranhas, rídiculas.
que tal seguir a pista de Luiz Roberto Guedes? [mais adiante, falarei mais sobre ele]:
"Um perfumista argentino
Tinha o olfato tão fino,
Que distinguia o cheiro
De um peido de lixeiro
De um leve pum feminino"
*
e aí?
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